LUBRIFICAÇÃO DA RURAL WILLYS

A Rural Willys requer um cuidado especial quanto aos intervalos de lubrificação e tipos de lubrificantes utilizados. Na época de fabricação da Rural nas decadas de 50/60/70, os lubrificantes eram de menor qualidade e os intervalos de troca eram muito curtos significando trocas frequentes de óleo. A Rural possui entre 13 e 29 pinos graxeiros conforme o modelo. As vedações deficientes nas articulações da direção requer a reposição frequente da graxa. O programa original de lubrificação pode ser ajustado para os óleos e graxas de qualidade superior disponiveis hoje no mercado. Para obter informações detalhadas de lubrificação recomendadas pelo fabricante Willys Overland sugiro consultar o manual do proprietário neste site.

ATENÇÂO: As dicas de lubrificação nesta pagina são o resultado da minha experiência pessoal na manutenção de um veiculo Rural Willys ano 1968 6 cilindros durante mais de 20 anos e não contem garantias implicitas. Em caso de duvidas sempre siga as recomendações originais do fabricante consultando o manual do proprietário original do seu veiculo.

TABELA GERAL DE LUBRIFICAÇÃO ORIGINAL
Partes a Lubrificar Lubrificante Recomendado pela Fábrica
Motor Willlys 6 cilindros Óleo SAE-30, SAE20W-40, SAE20W-50
Caixa de 3 ou 4 marchas Óleo Mineral Puro SAE-90 GL1
Caixa de Transferência/Reduzida Óleo Mineral Puro SAE-90 GL1
Diferencial Dianteiro/Traseiro Óleo Mineral EP SAE-90 GL5
Diferencial Anti-Derrapante Óleo Hipoide SAE-90 No.BC7C-19580-E
Caixa de direção Óleo Mineral Puro SAE-140 GL-1
Cruzetas Eixos Cardan Graxa para Chassi
Pinos Graxeiros nas Articulações Graxa para Chassi
Rolamentos das Rodas Graxa de Litio NGLI-2
Cabo do Freio Graxa Grafitada
Lâminas do Feixe de Molas Graxa Grafitada

MOTOR 6 CILINDROS Willys BF-161

Recomendação de Fábrica: Usar óleo para motor SAE-30 MS, MM ou ML. Trocar a cada 1.500 km. (Até 1968)

A partir de 1969 o óleo recomendado no Manual do Proprietário passou a ser o 20W-40 ou 20W-50 com trocas a cada 3000km

No inicio da fabricação da Rural não existiam óleo multiviscosos no Brasil e a fabrica recomendava um óleo com viscosidade SAE-30 que era satisfatório para as temperaturas e condições médias de uso no Brasil. Hoje em dia você pode continuar usando um óleo para motor SAE-30 ou optar por um óleo multiviscoso tipo SAE-20W-40 ou SAE20W-50 que passaram a ser recomendados para o motor BF-161 a partir de 1969. O óleo SAE 20W-40 é menos viscoso (mais fino) em baixas temperaturas comparado ao óleo SAE-30 e proporcionará uma melhor lubrificação na partida do motor em climas muito frios. Motores usados continuamente em alta temperatura no verão e motores com maior desgaste e alto consumo de óleo em clima quente podem usar óleo SAE-40 ou SAE20W-50 que tem maior viscosidade preenchendo melhor as folgas do motor e reduzindo o consumo de óleo (eu usei este óleo SAE-40 antes de reformar o meu motor). Em motores recondicionados é recomendável usar um óleo monoviscoso mais fino tipo SAE-20 com baixa aditivação no primeiro enchimento durante os primeiros 250km para proporcionar um melhor assentamento inicial das peças (mancais, cilindros, etc) aumentando a vida futura do motor. Depois use um óleo na viscosidade normal SAE-30 ou SAE 20W-40 , SAE 20W-50 ou outro escolhido conforme o clima e utilização do veiculo. O intervalo de troca recomendado no manual do proprietário é de 1.500km (3000km a partir de 1969) mas poderá ser alongado para algo como 3000km usando um óleo moderno que possui uma aditivação melhor. É importante limpar o parafuso de drenagem do óleo (bujão magnético) durante a troca de óleo. O parafuso possui um ima que retêm particulas metalicas evitando que circulem no óleo. A troca do filtro de óleo a cada 6.000km requer a remoção da tampa do filtro e o esvaziamento do óleo do filtro com uma bomba manual ou a ponteira de uma maquina de troca de óleo a vacuo. Ao montar a tampa do filtro tome cuidado com a correta colocação do anel de vedação de borracha que costuma escapar ao apertar provocando um grande vazamento de óleo que pode fundir o motor. Prefira usar o vedador de borracha velho que já esta bem encaixado na tampa do filtro. No parafuso de fixação da tampa do filtro coloque uma arruela de cobre, alumínio ou fibra para evitar vazamentos. Após montar o filtro deixe o motor funcionando alguns minutos e verifique vazamentos. O manual do proprietário recomenda limpar periodicamente a tela do filtro-boia do óleo no carter do motor. Observe sempre a luz espia vermelha da pressão do óleo no painel de instrumentos porque pode indicar um vazamento de óleo, defeito na bomba, ou nível do óleo baixo. O minha luz espia do óleo costuma apagar aproximadamente dois segundos após ligar o motor. Uma vez a luz espia acendeu quando parei a Rural subindo uma rampa muito inclinado. A capacidade de óleo do motor 6 cilindros BF-161 é 6 litros total ou 5 litros sem drenar o filtro. Não esqueça de trocar o óleo do filtro de ar colocando o mesmo tipo de óleo usado no motor.

Estou usando oleo para motor SAE 20W/40 a mais de dez anos desde quando fiz a reforma total do meu motor com 110.000km. Hoje minha Rural tem 148.000km portanto já rodei 38.000km com este tipo de óleo sem problemas . Inicialmente eu usei o óleo Shell Super 20W/40 durante aproximadamente 25.000km depois troquei para Castrol GTX 20W/40 que uso até hoje sem problemas. Agora (11/2000) o óleo Castrol 20W-40 saiu de linha então vou voltar a usar o óleo Shell Hélix 20W/40 ou similar. Troco o óleo a cada 2000/4000km ou pelo menos uma vez por ano se esta quilometragem não for atingido. Hoje em dia todos os óleos devem atender especificações internacionais de desempenho e dificilmente você vai encontrar um óleo de marca de renome que seja prejudicial ao seu motor. O mais importante é escolher a viscosidade correta do óleo para as condições do seu motor e clima, trocar regularmente o óleo e não misturar óleos de tipos e marcas diferentes.

Tabela Comparativa de viscosidade dos principais óleos para motor. (cSt = unidade de viscosidade em centistokes)
Tipo de Óleo Viscosidade a 40oC Viscosidade a 100oC Observações
SAE-20 65 cSt típico 5,6 a 9,3 cSt Óleo menos viscoso (fino). Usar apenas para amaciamento.
SAE-30 85 cSt típico 9,3 a 12,5 cSt Óleo recomendado pelo fabricante Willys Overland até 1968
SAE-40 140 cSt típico 12,5 a 16,3 cSt Óleo mais viscoso (grosso) para motores desgastados
SAE-20W/40 120 cSt típico 14,0 cSt típico Óleo recomendado pela Ford a partir de 1969
SAE-20W/50 180 cSt típico 21 cSt típico Óleo alternativo recomendado pela Ford a partir de 1969

Nota: Sempre que fizer uma reforma de motor é importante verificar o funcionamento da bomba de óleo e trocar por um novo se necessário. A bomba pode ser testada medindo a pressão do óleo quente em varias rotações e medindo as folgas internas da bomba. Veja como na seção Dicas de Manutenção neste site. A pressão em marcha lenta (600rpm) deve ser no mínimo 6psi e a 2.000rpm deve ser 20psi. Para medir a pressão é necessário instalar um manômetro com rosca 1/4 NPT no lugar do tampão no bloco do motor logo a direita da bomba de óleo. É recomendável instalar um relógio acessório de pressão do óleo no painel da Rural para verificar as condições de lubrificação do motor. É recomendável retirar o carter para uma limpeza do fundo do carter e tela do pescador de óleo da bomba. As pertículas metalicas do desgaste do motor ficam depositados no fundo do carter porque o carter é horizontal e a sugeira não sai quando você troca o óleo. Quando desmontar o carter não esqueça de trocar a junta que custa muito barato (aprox. R$6,00). A Willys recomendava limpar o carter uma vez por ano. Eu desmontei meu carter para limpar após 13 anos (1988-2001) e descobri uma camada fina de sugeira no fundo porem a tela flutuante do filtro-boia da bomba estava limpo.

MOTOR FORD 4 CILINDROS: No motor Ford OHC 2.300 de 1975 o óleo recomendado no manual do proprietário era o SAE 20W-40 SE com trocas a cada 5.000km. A troca do filtro de óleo era recomendado a cada 10.000km.


CAIXA DE MARCHAS

Recomendação de Fábrica: Usar óleo mineral para transmissões SAE-90. Trocar a cada 19.500 km. Obs: Nunca usar óleo tipo hipoidal.

A fabrica recomendava usar um óleo mineral puro para transmissões SAE-90 que era muito comum na época de fabricação da Rural. Eu sempre usei na minha Rural (até 137.000km) um óleo deste tipo da Texaco (Thuban SAE-90 GL-1) que hoje não é mais fabricado. Estou pesquisando com outros fabricantes de óleo para saber quem ainda fabrica este tipo de óleo para achar um substituto. A Texaco, Valvoline e Castrol me informaram que não fabricam mais este tipo de óleo. Voce poderá encontrar algum estoque antigo e empoeirado em alguma loja ou posto de combustivel. A solução é encontrar um óleo alternativo que tenha caracteristicas proximas do óleo SAE-90 GL-1 recomendado pela Willys.

Para a caixa de marchas o importante é escolher um lubrificante com viscosidade correta e sem aditivos prejudiciais aos componentes da caixa de marchas. Alguns óleos de extrema pressão (tipo EP) com alta aditivação (tipo GL-4, GL-5) desenvolvidos para diferenciais hipoidais possuem aditivos (enxofre, fósforo, cloro, zinco, chumbo etc...) que reagem com o cobre e suas ligas (latão, bronze) danificando os mancais, aneis sincronizadores e outras peças da caixa. Estes óleos usados continuamente em alta temperatura podem tambem formar uma borra preta que entope os canais de lubrificação causando a engripamento e quebra da caixa de marchas. O uso de óleos tipo EP GL-4 ou GL-5 pode resultar em sérios danos à caixa de marchas da Rural Willys. Nunca use este tipo de óleo. Cuidado com os lubrificadores e frentistas de postos de combustivel que não conhecem os diferentes tipos de óleo e podem tentar empurrar/vender o óleo errado já que consideram tudo igual. Procure sempre usar um oleo mineral para engrenagens com especificação GL-1 ou então o óleo SAE-50 que menciono a seguir. As engrenagens da caixa de marchas trabalham com cargas pequenas quando comparado a um diferenncial e não precisam de um óleo de extrema pressão porque a condição de extrema pressão simplesmente não existe na caixa de marchas.

Eu já ouvi reclamações de desgaste de buchas e quebra de aneis sincronizadores na caixa da Rural e Jipe e comentários de que a caixa Willys não presta. Porem, hoje a maioria das Rural estão rodando com o óleo de diferencial (GL-5 e GL-4) na caixa de marchas o que é errado e pode ser a causa de muitos problemas. As pessoas colocam óleo GL-5 porque é fácil de achar nos postos, os frentistas e entendidos dizem que é bom, e o rotulo diz que é para serviço pesado o que da a impressão de que vai proteger mais as engrenagens. O óleo GL-5 foi desenvolvido para diferenciais hipoidais e é até usado em reduções finais de tratores que sofrem cargas enormes mas nunca deve ser usado em caixas de marchas sincronizadas. Em último caso numa situação de emergência se tiver que decidir entre um óleo GL-4 e um óleo GL-5 prefira o óleo GL-4 que possui aproximadamente a metade da aditivação do óleo GL-5 sendo assim menos prejudicial à caixa de cambio. Uma alternativa provisoria para situações de emergência na estrada ou na trilha é usar um óleo de motor SAE-40 na caixa de marchas da Rural já que este óleo tem viscosidade razoavel e é facilmente encontrado em postos de todo o Brasil (trocar por um óleo mais viscoso tão logo possível)

Evite de usar aditivos para caixa de mudanças tipo Molycote ou similares. Um colega estragou uma caixa de Toyota Bandeirante antigo após usar este aditivo. Os sincronizadores passaram a não funcionar e a Toyota passou a arranhar a troca de marchas. Os aneis sincronizadores precisam de um atrito controlado para funcionar e um óleo ou aditivo errado pode mudar o atrito e estragar a boa troca de marchas.

Hoje na caixa de 3 marchas da minha Rural 4x2 estou usando como óleo alternativo um óleo de motor SAE-50 (Shell Motor Óleo SAE-50 SE) que possui viscosidade equivalente ao óleo SAE-90 e não prejudica os componentes de latão e bronze da caixa de mudanças. A maioria das pessoas acham que o óleo SAE-50 é muito mais fino do que o óleo SAE-90 mas isto não é verdade. As viscosidades são quase equivalentes e a diferença na numeração é apenas uma convenção bem bolada para evitar que óleos de transmissão sejam usados por engano em motores e vice-versa. Se esta numeração diferenciada não existise os óleos de motor e transmissão teriam a mesma numeração o que certamente causaria uma grande confusão na hora de trocar o óleo. Veja a tabela logo abaixo que compara a viscosidade de um óleo SAE-50 com um óleo SAE-90:

Tabela Comparativa da Viscosidade de Óleos (cSt = unidade de viscosidade em centistokes)
Tipo de Óleo Viscosidade a 40oC Viscosidade a 100oC
Óleo de Transmissão SAE-90 180 cSt típico 13,5 a 24,0 cSt
Óleo de Motor SAE-50 200 cSt típico 16,3 a 21,9 cSt

 

Estou usando o óleo SAE-50 já a 13.000km (07/2002) sem problemas e a minha caixa de marchas continua super silenciosa e fácil de trocar marcha. A minha caixa com 150.000km ainda esta original e nunca foi aberta ou desmontada. O óleo SAE-50 é um óleo desenvolvido para motores mas é recomendado tambem por varios fabricantes de caixas de marchas (Eaton, Volvo, e outros) para alguns tipos de caminhões e utilitários. Nos Estados Unidos é muito comum usar óleo SAE-50 sintético na caixa de marchas de caminhões. A maioria das motocicletas tambem utilizam óleo de motor na caixa de marchas. Já fiz 3 trocas de óleo com o óleo SAE-50 e não percebi nenhuma alteração ou presença de particulas metálicas no óleo velho drenado da caixa. Quando voce drenar o óleo da caixa verifique a presença de particulas metalicas no fundo da caixa que podem indicar algum desgaste anormal se forem encontradas em grande quantidade. Sugiro drenar o óleo velho numa garrafa de refrigerante ou água mineral de plástico transparente cristal de 2 litros (cortar fora a parte de cima da garrafa para captar melhor o óleo) para depois olhar de perto o óleo para verificar se tem pedaçõs de aço, bronze etc.. que podem indicar algum desgaste ou quebra na caixa de marchas. A presença de pedaços ou lascas de aço sugere problemas de engrenagens e rolamentos enquanto pedaços de latão sugerem problemas de buchas ou aneis sincronizadores. Existem laboratórios especializados que podem fazer uma análise completa de óleos usados para avaliar o desgaste da transmissão ou motor conforme as particulas metálicas encontradas.

Se voce decidir usar o óleo SAE-50 na sua caixa de marchas eu recomendo trocar novamente o óleo após rodar 500km porque poderá ocorrer uma limpeza inicial da caixa já que este óleo de motor possui aditivos detergente-dispersante. Nos Estados Unidos há relatos de que o uso de óleo de motor em caixas de marchas velhas pode aumentar os vazamentos nos retentores da caixa.

O óleo da caixa é exigido mais quando você usa marchas baixas (Ex: 1a e 2a e 3a) em subidas de serra ou rebocando um reboque. Na marcha mais alta (3a ou 4a conforme o numero de marchas) que tem relação 1:1 as engrenagens giram livremente sem qualquer carga porque o eixo de entrada da caixa é acoplado diretamente ao eixo de saida girando na mesma rotação sem usar as engrenagens de redução pois estas são utilizadas apenas nas marchas menores e na ré. Em outras palavras, se você viajar constantemente na marcha mais alta as engrenagens da caixa de marcha não sofrerão desgaste. Nota: Na Rural 4x4 as engrenagens da caixa de transferência/redução são exigidas em todas as marchas portanto estão sempre sofrendo desgaste.


DIFERENCIAIS

Recomendação de Fabrica: Usar óleo hipoidal SAE-90 tipo EP (Extrema Pressão) MIL-L-2105B (GL-5). Trocar a cada 19.500km

O diferencial traseiro da Rural é robusto e não deverá apresentar problemas se for corretamente lubrificado. A lubrificação do differencial é critica quanto ao tipo de óleo devido à alta pressão de contato e alto deslizamente entre o pinhão e a coroa que são do tipo hipoidal. A pressão de contato entre a coroa e o pinhão é tão grande que uma simples pelicula de óleo não é suficiente para separar as peças para evitar o atrito metal-metal. Quando a pelicula de óleo é rompida a lubrificação é mantida pelos aditivos de extrema pressão que compoem o óleo de extrema pressão (EP) para engrenagens com especificação GL-5. Portanto a lubrificação especial do diferencial fica por conta dos aditivos de extrema pressão contidos no óleo o que torna essencial a correta escolha do óleo. O uso do óleo errado no diferencial resultará no desgaste acelerado (pitting/scuffing) dos dentes das engrenagens da coroa e do pinhão. Nunca use óleos minerais puros, óleos tipo GL-1, GL-2, GL-3, GL-4, óleo para motor ou outros. Use somente óleo para engrenagens tipo EP (extrema pressão) viscosidade SAE-90 especificação GL-5. Todos os principais fabricantes de óleos possuem óleo que atende esta especificação e facilmente encontrados em todo o Brasil (Ex: Texaco Multigear EP, Shell Spirax HD) . O óleo SAE-90 GL-5 ainda é largamente utilizado em diferenciais de automoveis com tração traseira, caminhonetes, caminhões e onibus e geralmente é mais facilmente encontrado em postos de combustivel na periferia da cidade que atendem a caminnhões. Eu sempre usei o óleo Texaco Multigear EP SAE-90 GL-5 no meu diferencial que esta com 147.000km (02/2001) e nunca foi aberto e continua silencioso.

Ao trocar o óleo do diferencial acompanhe o serviço e sempre verifique a retirada do óleo da lata nova e a colocação até o nível no diferencial. Evite óleos retirados de tonel ou de outras embalagens sem garantia de origem. O abastecimento com um óleo errado irá danificar rapidamente o diferencial. Cuidado com funil sujo ou bomba manual suja nos postos que podem contaminar o diferencial com areia. Não entre na conversa do funcionario do posto que pode tentar lhe vender o óleo errado do tipo GL-4 que é utilizado somente no diferencial e caixa de alguns automóveis modernos com tração dianteira e que não possuem engrenagens do tipo hipoidal como a Rural. O funcionario até vai lhe mostrar a embalagem onde esta escrito que serve para diferencial mas ele esta totalmente equivocado e não sabe o que esta falando. (Hoje 24/02/2001 um funcionario no posto Texaco da Avenida Benjamin Constant em Porto Alegre/RS tentou me empurrar o óleo errado que poderia danificar o meu diferencial se eu entrasse na conversa dele).

Verifique regularmente o nível do óleo do diferencial. Após cruzar rios ou estradas alagadas verifique o óleo do diferencial que é facilmente contaminado pela entrada de água. Se o óleo ficar com a cor branca/marrom ou ficar acima do nível normal sem explicação significa que água entrou no diferencial. Troque imediatamente o óleo completando com um óleo GL-5 do mesmo tipo. Nunca misture óleos para diferencial de marcas diferentes pois os aditivos podem não ser compativeis anulando o efeito desejado e causando danos ao diferencial. O eixo traseiro da Rural possui um pequeno orificio (respiro) para entrada e saida de ar conforme a temperatura do eixo. O respiro na parte de cima do eixo do lado esquerdo deve estar sempre livre. Para trafegar em baixo de água este orificio pode ser ligado a uma mangueira de respiro ou sistema de presurização que deve ficar com a outra extremidade acima do nível da água. Se o diferencial apresentar qualquer barulho anormal ou ronco verifique imediatamente o nível do óleo e depois retire a tampa do diferencial num mecânico especializado de confiança para uma análise detalhada do problema (tenha em mãos uma junta de papelão novo para vedar a tampa).


CAIXA DE DIREÇÂO

Recomendação de fábrica: Completar com óleo para engrenagens SAE-140.

A caixa de direção usa o óleo para engrenagens SAE-140 que é um óleo muito viscoso (grosso). Evite de usar óleos com especificação EP GL-5 pois podem reagir e danificar as buchas e a engrenagem de latão do setor de direção. Escolha sempre um óleo mineral puro com especificação GL-1 ou outro similar com baixa aditivação. A alta viscosidade deste óleo deve ter sido definido em função da baixa velocidade de funcionamento da caixa de direção, evitar vazamentos, melhorar a resposta de direção preenchendo pequenas folgas e atuando como um amortecedor viscoso de impactos e vibração na direção. A viscosidade do óleo usado na caixa de direção poderá afetar a maneira que você sente a estrada no volante de direção.

Alguns mecânicos gostam de preencher a caixa de direção com uma mistura de graxa e oleo de motor talvez para evitar vazamentos (!?!) ou a entrada de lama e água. Na minha Rural fizeram esta gambiara quando troquei o setor de direção e isto pode estar causando problemas de resposta na direção. Aos poucos estou retirando esta mistura de graxa e colocando o lubrificante SAE-140 correto. O manual do proprietário adverte que não deve ser usado graxa na caixa de direção. Obs: a caixa de direção não possui parafuso dreno e a fabrica não menciona intervalo de troca, só completar o nível. Para drenar o óleo eu solto os parafusos da tampa lateral para sair o óleo. Após apertar a tampa lateral de volta é necessário regular corretamente (soltar e/ou apertar) a folga de direção usando o parafuso e contraporca de ajuste.


EIXO CARDAN

Recomendação de fábrica: Lubrificar com Graxa para chassi a cada 1.500km usando bomba manual.

Lubrifique os pinos graxeiros das duas juntas universais e o eixo entalhado proximo da caixa de marchas. Para a graxa alcançar melhor o entalhado você deve cobrir com o dedo um furo na ponta do eixo onde a graxa costuma escapar livremente para fora. Use uma bomba manual para não danificar as vedações. Use graxa a base de litio com consistência NGLI-2 que é facilmente disponivel no mercado. Use graxa limpa de boa qualidade e cuidado com as graxas utilizadas em postos de lubrificação que são comprados a granel em tambor com qualidade duvidosa buscando um menor custo. Em estradas de terra, água e areia a lubrificação do eixo cardan deve ser mais frequente. As juntas universais na minha Rural tem sido trocados mais ou menos a cada 30.000km devido a desgaste e folga nos rolamentos de agulhas. A folga se torna evidente quando o eixo cardan faz um barulho ao engatar a marcha com o veiculo parado ou quando o eixo cardan apresenta uma vibração em alta velocidade na estrada. Na lubrificação com graxa o importante é não esquecer o momento certo para lubrificar antes que a graxa velha seja consumida ou expulsa pela alta rotação do eixo. RECOMENDAÇÃO: Compre uma pequena bomba de graxa manual para executar este serviço em casa que é muito fácil.


PINOS GRAXEIROS DIREÇÃO

Recomendação da fábrica: Lubrificar com graxa para chassi a cada 1.500km ou com maior frequencia em estradas de terra.

Lubrifique os pinos graxeiros do sistema de direção regularmente com graxa a base de Litio com consistencia NGLI-2. Use graxa limpa de boa qualidade. Veja no manual do proprietario os pontos de lubrificação que são diferentes na Rural 4x2 e 4x4. O importante é lubrificar regularmente com graxa porque a graxa nova expulsa a graxa velha e mantem limpo as rotulas e articulações. Evite graxa nos pneus, freios e mangueiras de freio. As rotulas (esferas) do braço pitman e do braço de direção esquerdo tem uma vedação deficiente ou inexistente e requerem uma lubrificação frequente com graxa. A graxa atua como uma bareira contra entrada de poeira e areia. Em Rural com alta quilometragem deve ser inspecionado as esferas das duas extremidades da barra de direção que sofrem um desgaste acentuado podendo romper/soltar a esfera causando a perda total de direção. Eu recomendo inspecionar estas peças a cada 20.000km em veiculos acima de 100.000km. Eu troquei os meus com 135.000km. Não esqueça de lubrificar o pino de graxa na ponta do eixo dos pedais de freio e embreagem e o pino de graxa no cachimbo da troca de marchas na parte de baixo da coluna de direção no compartimento do motor.

Modelo Número Total de Pinos Graxeiros
Rural e Pick Up 4x2 STD 13 (15 até 1966)
Rural e Pick Up 4x2 Luxo 27 (29 até 1966)
Rural e Pick Up 4x4 14 (16 até 1966)

DISTRIBUIDOR

Recomendação de fábrica: A cada 1.500km aplicar algumas gotas de óleo no feltro em baixo do rotor, no pivô do martelo e na graxeira externa do lado esquerdo. Passar uma leve camada de graxa no eixo sextavado.

Siga as recomendações de fábrica lubrificando as partes móveis do distribuidor periodicamente mas sem colocar óleo em excesso. Não esqueça de lubrificar a graxeira externa com algumas gotas de óleo. A graxeira fica do lado esquerdo do distribuidor e tem uma pequena tampa metalica com mola. A lubrificação do distribuidor ajuda a manter os ajustes de folga do platinado e evita o desgaste das buchas de bronze que guiam o eixo principal do distribuidor. Uma boa pratica é limpar e lubrificar o distribuidor pelo menos sempre que abrir para ajustar o ponto e a folga do platinado e sempre que fizer uma lubrificação do chassi. Eu pulverizo a parte interna e externa da tampa do meu distribuidor com um óleo fino em aerosol (tipo M1, WD-40, ou similar) para repelir a umidade. Faço o mesmo com a bobina, terminais do alternador, terminais do motor de arranque e demais conectores eletricos no compartimento do motor. Os óleo repelentes de umidade são ótimos para secar o distribuidor após uma lavagem do motor ou após molhar numa enchente ou rio. A presença de água na bobina ou distribuidor causa curtos circuitos e faz pular faiscas grandes de cor azul que impedem o funcionamento do motor.


ROLAMENTOS RODAS

Recomendação de Fábrica: Limpar os rolamentos e lubrificar com graxa de lítio NGLI-2 a cada 19.500km. Nos rolamentos das rodas traseiras aplicar de 22 a 27 gramas de graxa no rolamento de cada lado.

Nota: Nunca lubrifiquei os rolamentos das rodas traseiras da minha Rural 68 até hoje com 148.000km o que é errado. O problema é que o eixo traseiro e diferencial tem que ser desmontado para conseguir lubrificar os rolamentos e depois os folgas tem que ser corretamente ajustados. Para desmontar o eixo traseiro é necessário tambem trocar vedações como juntas e retentores que são danificados durante a desmontagem. Os rolamentos das rodas dianteiras são muito faceis de lubrificar. Basta soltar a porca grande no eixo das rodas e retirar as rodas completas com rolamentos. Ao montar de volta as rodas dianteiras não esqueça de colocar pinos trava nas porcas e ajustar corretamente o torque de aperto das porcas. Em caso de duvidas deixe este serviço para um mecânico experiente. As Rural mais antigas com eixo traseiro chavetado e com porca anteriores a aprox. 1966 possuem pinos graxeiros para aplicar graxa nos rolamentos do eixo traseiro sem necessidade de desmontar.


GASOLINA

Pela minha experiência o motor Willys 6 cilindros é sensivel ao tipo de gasolina utilizado. Uma gasolina comum de baixa octanagem causa batidas de pino quando o motor é exigido por exemplo acelerando forte a 60km/h em ultima marcha (3a). Parece que a gasolina Brasileira com mistura de alcool é melhor do que a gasolina com mistura de MTBE vendido no Rio Grande doi Sul até recentemente (07/99). As batidas de pino talvez podem ser resolvidos fazendo um ajuste de mistura mais rica no carburador o que aumentaria tambem o consumo de combustivel. A minha Rural apresenta um desempenho melhor em locais de grande altitude na ordem de 500 a 1000 metros onde o ar é menos denso e a mistura de gasolina se torna mais rica. A nova gasolina de alta octanagem (Ipiranga 92 octanas) já foi testado por mim e realmente diminui quase completamente os sintomas de batida de pino no motor. Normalmente eu uso gasolina aditivada para tentar evitar problemas de carburação mas em viagens mais longas eu uso gasolina comum por uma questão de custo e depois volto a usar o aditivado na cidade. A membrana de borracha da minha bomba de gasolina original que é uma peça que poderia ser prejudicado pela gasolina não tem apresentado problemas e uso o mesmo a mais de dez anos (mas tenho sempre uma de reserva no kit de peças). Recentemente (11/2000) troquei o giglê original do carburador (#25) por um giglê um pouco maior (#26) para enriquecer um pouco a mistura para resolver o problema de batida de pinos. Tenho notado menos batida de pino e o motor continua "redondo" e econômico.

A minha Rural 1968 não saiu equipada de fabrica com filtro de gasolina. Recentemente (1998) instalei um filtro de gasolina moderno de plástico na mangueira de borracha que liga a bomba de gasolina ao tubo metálico que vai até o tanque de gasolina.

Para evitar problemas de carburação eu adotei a regra de ligar o motor da minha Rural pelo menos uma vez por semana. Assim o carburador esta sempre cheio de gasolina nova e as partes moveis são acionadas e lubrificadas. Antes de adotar este procedimento o carburador ficava ruim após algumas semanas parado. O que acontecia éra o seguinte: Apos deixar o motor parado durante varias semanas ou meses o motor pegava e funcionava em marcha lenta mas ficava péssimo nas médias e altas rotações impedindo o deslocamento da Rural na estrada. O diagnóstico do mecânico era sempre a mesma: esfera trancada no carburador. RECOMENDAÇÃO: Ligar o motor da sua Rural pelo menos uma vez cada semana ou a cada 15 dias para evitar problemas de carburação.

Como uso pouco a minha Rural eu adiciono na gasolina um aditivo lubrificante especial ou um pouco de óleo 2 tempos de primeira linha com baixo teor de cinzas (aprox. 200ml para cada 30/40 litros de gasolina). O óleo na gasolina pode evitar ferrugem no tanque de combustivel e escapamento com o veiculo parado alem de lubrificar a bomba de gasolina, carburador, guias de válvulas e cilindros. Uma possível desvantagem será a carbonização mais rapida do cabeçote. Eu uso um pouco de óleo na gasolina a mais de 10 anos e 30.000km sem problema. As minhas velas não sujam e nunca apresentaram problemas de carbonização.

NOTA: A eliminação do chumbo da gasolina Brasileira a alguns anos pode estar diminuindo a durabilidade de todos os motores antigos já que o chumbo atuava tambem como lubrificante das válvulas do motor evitando desgaste na sede e haste das válvulas. Nos Estados Unidos existem kits de sede de válvulas especial em material duro que resiste ao desgaste para usar em motores Willys que usam gasolina sem chumbo. Nos EUA existem tambem aditivos para gasolina que substituem o chumbo da gasolina para lubrificar a sede das válvulas.


CHASSI

O manual do proprietário recomenda não pulverizar o chassi com óleo para não afetar peças de borracha e o acabamento emborrachado tipo Underseal da carroceria. Eu sempre pulverizei o chassi uma ou duas veses por ano com óleos especiais de pulverização das marcas Castrol Protetor de Chassi e Texaco Anti Ruste. Estes óleos protegem as longarinas e todas as partes metalicas em baixo do veiculo que já perderam seu acabamento de tinta. Ao longo dos anos foi formado uma camada espessa de residuo de óleo que protege o chassi e a carroceria por baixo. Normalmente é necessario dois litros de óleo para obter uma boa cobertura na pulverização do chassi. Procure não pulverizar o cano de escapamento porque solta muita fumaça depois quando esquenta com o motor ligado e pode assustar você. Após a pulverização o chassi e suspensão fica muito silencioso devido a lubrificação do óleo. Após alguns dias e após andar na chuva a suspensão pode voltar a ficar barulhento nas buchas de borracha dos amortecedores que fazem um barulho difícil de eliminar. Havendo disponibilidade de tempo e dinheiro eu recomendaria separar a carroceria do chassi da Rural para fazer manutenção no chassi e renovar a pintura do chassi, eixos e parte de baixo do veiculo. As peças metalicas pequenas como parafusos, aruelas, alavancas etc... podem ser zincadas (galvanizadas) para ficar com aspecto de novo e protegidos para muitos anos. Antes de colocar a carroceria de volta no chassi recomendo trocar os coxins instalando coxins novos de borracha (tipo original) ou poliuretano nos pontos de apoio da carroceria no chassi. Voce pode tambem optar por levantar um pouco a carroceria para a Rural ficar mais alto e receber pneus maiores colocando coxins e parafusos mais altos (consulte quem já fez esta alteração que é comum nos EUA)..


SUSPENSÃO

Recomendação da fábrica: "Quando for necessário lubrificar as laminas dos feixes de molas, use graxa grafitada afim de obter um bom funcionamento dos feixes"

O Manual do Mecânico Willys recomendava lubrificar com Graxa Grafitada as laminas dos feixes de molas semi elípticas sempre que necessário para obter um bom funcionamento dos feixes. Esta operação normalmente só é realizado quando a suspensão é desmontada para reparos ou limpeza. Você pode lubrificar os feixes pincelando óleo grosso (ex: SAE-140) diluido com querozene para facilitar a penetração entre as laminas. O querozene depois evapora deixando o óleo entre as laminas. Uma suspensão barulhenta pode indicar falta de lubrificação. As buchas de borracha preta dos jumelos e feixes não necessitam de lubrificação. Quando fizer reparos na suspensão exija que seja montado com graxa grafitada que proporciona uma lubrificação mais duradoura. Sugiro adquirir graxa grafitada para uso proprio na sua Rural porque as oficinas e postos de molas normalmente não tem esta graxa e usam a graxa mais barata disponível. Obs: Uma suspensão bem lubrificada tem menos atrito e fica mais macio e confortável, porem exige bons amortecedores para que o carro não "pule" exageradamente.

Na Rural 4x2 Luxo com suspensão dianteira de mola helicoidal existem 7 pinos graxeiros nas articulações de cada lado que devem ser lubrificados com bomba e graxa de chassi.


CALIBRAGEM PNEUS

A pressão dos pneus afeta o conforto e estabilidade de direção da Rural. A calibragem normal recomendado para os pneus originais 7.10-15 é 26 libras (lbs/pol2) em todas as quatro rodas. Com carga máxima a fabrica recomendava aumentar a pressão dos pneus dianteiros para 28 libras e traseiros para 30 libras. Eu uso 26 libras nos pneus dianteiros e 28 ou 30b libras nos pneus traseiros e o desgaste é normal e uniforme. Aumentando a pressão acima destes valores aumenta a trepidação transmitido das pequenas iregularidades da estrada aumentando o barulho e diminuindo o conforto. Com mais pressão na dianteira a direção tambem fica mais leve. Com menos pressão na dianteira a direção fica mais pesado em baixa velocidade e a suspensão fica mais macio e confortavel. Basta alterar a pressão duas libras para mais ou para menos para sentir uma grande diferença no comportamento da Rural no asfalto. É muito importante manter a pressão igual no pneu direito e esquerdo do mesmo eixo. Com diferenças de pressão a Rural poderá puxar para um lado e balançar ao fazer curvas ou ter um comportamento diferente fazendo curvas para a direita ou para a esquerda. A fabrica recomenda verificar a pressão a cada 15 dias com os pneus frios (sem rodar e sem pegar sol).

Com pneus não originais maiores e mais largos a pressão poderá ser um pouco menor para aumentar o conforto sem prejudicar a durabilidade dos pneus. Existem tabelas publicadas pela ABPA (Associação Brasileira de Pneus e Aros) com recomendações de pressão para todos as medidas de pneus conforme a carga/peso sobre o eixo. Estas tabelas seguem normas internacionais de pressão para pneus e são aprovados pelos fabricantes de pneus. Os fabricantes de veiculos normalmente recomendam pressões menores para aumentar o conforto do veiculo enquanto fabricantes de pneus normalmente recomendam pressões maiores para não prejudicar a durabilidade dos pneus. Para pneus modernos do tipo radial você pode consultar as tabelas de pressão das caminhonetes novas que usam este pneu e que tenha distribuição de peso equivalente à Rural.

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Atualizado: 20 December 2014

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